sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Na Estrada

A vida passa por você, e você passa pelas pessoas.

E aí passamos tão depressa e tão cheios de nossas vidas, que nossa forma mais fácil de percepção é pelo preconceito. Pré-definimos as pessoas. Ou simplesmente não as vemos.

Nos esquecemos que além de atores principais, também somos platéia, e cruzamos por pessoas, cada qual com seu mundo. Ficamos tão presos ao nosso sistema que predefinimos a nós mesmos. (ou alguém nos pré-definiu) E nos perdemos no sentido entre o que somos e o que nos tornamos, entre o que queremos e o que devemos.

 E devemos as seguintes metas (inalcançáveis): encontrar a felicidade plena, a estabilidade eterna, a família perfeita, a carreira de sucesso. Uma programação para as aparências. E damos mais importância ao "ter" do que ao "ser", onde o celular de ultima geração, as roupas da moda, o diploma, o relógio, são apenas elos da corrente que nos escraviza.

Escravos do dinheiro, escravos da hipocrisia, escravos do padrão.

Mas nessa história, não existe Princesas e nem Lei Áurea.

E quando achamos que já não há mais correntes suficientes, descobrimos num sorriso a simplicidade perdida, e o que realmente vale nessa vida. Que a prisão cega, mas que abrir os olhos é mais fácil do que imaginamos. Na verdade não imaginamos nada.

Mas podemos ser. Podemos não ter que ter. Podemos escolher. Podemos libertar os preconceitos, libertar as pré-definições. Libertar.

Só não é fácil libertar-se de si mesmo.



PS.: Dedicado ao meu hippie encantado, que sorriu para mim.



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Aqueles Olhos



Ela arrastava as sandálias desleixadamente. Era como se a cada passo, ela arrastasse a própria rotina miserável. Levantou-se para fechar as janelas, a previsão era de chuva. Voltou para o sofá fechando o casaquinho de lã cinza.

  Sim, sua rotina era mesmo miserável e ela sabia disso. Talvez por isso, como uma espécie de protesto ou vingança, negava ao mundo a beleza que Deus lhe deu. Seu andar arrastado lhe dava vinte anos a mais. As bijuterias lhe penduram apenas por ofício. Cabelos e roupas sempre das mais simples, só porque nunca pensou em ser naturalista ou neo-nazista. Na verdade, ela nunca pensou em ser nada.

  Trabalhava todos os dias como vendedora em uma loja emergente, mas recebera o eufemismo de “promotora”. Incumbida de assim fazer, era ela quem abria e fechava a loja. Era todo dia, do trabalho para a casa. E ao pôr para fora os pés nas sandálias gastas, afim de fechar as portas, ela olhava de um lado para o outro esperando algo acontecer. Ela não sabia pelo o que esperava, mas precisava que algo acontecesse. Podia ser um príncipe num cavalo branco, ou apenas um príncipe, ou ainda que fosse só um cavalo. Mas nada acontecia, não havia nem príncipes, nem sapos, nem cavalos.

 Em certa noite, ventania fria e cortante, nossa personagem executava mais uma vez aquilo que o Destino que reservara, descia as pesadas portas de ferro do estabelecimento. E como todo o dia, olhava para os lados, naquela esperança disfarçada de curiosidade. Mas nessa noite, algo havia de diferente. Ela olhou em volta, e estava tudo normal, a rua meio vazia como de costume, mas alguma coisa estava diferente... alguma coisa... Ela olhou  para os lados, examinava a rua com ares de topógrafo. Nada. Mas um incômodo a perturbava. Sabia que, embora as poucas pessoas na rua nem sabiam de sua existência, sentia-se observada. Por fim, ignorou e foi para casa, o único lugar onde alguém sempre esperava por ela, o galã da novela, sempre no mesmo horário.

 No dia seguinte, ao repetir a rotina da porta de ferro, era observada. Não entendia como e nem por quem. O galã estava na Tv, os transeuntes não a viam. Mas era sim observada, diria mais, admirada. Nos primeiros momentos, andava as pressas, encolhida, como se ficasse invisível. Precisava desviar-se dessa inoportuna observação.

Mas com os dias passando, a observação lhe tornou intima. Havia alguém que a via, que a enxergava. Alguém que saberia distinguir seus sorrisos e olhares, suas verdades e vazios. Um amigo secreto. Um estudioso de seus passos. Finalmente podia sentir-se parte do mundo. Ainda não conhecia seu observador. Nunca o viu. Ninguém mais via. Mas não duvidava da sua veracidade. De certo, sentia-se as vezes confusa, não tinha certeza se era capaz de distinguir realidade e delírio. Só podia ser delírio. Via-se absorta numa busca inútil de explicações plausíveis para o que acontecia. Não encontrando, desistiu das razões, elas não entendem nada de afeto e desconhecem a solidão.

E num dia, já bastante confiante desta relação metafísica, fez expressão convidativa para que fosse acompanhada por aquela presença. Ela seguia animada pela companhia, mesmo sem ver, mesmo sem falar. Chegou em casa, sentou-se no sofá e juntos assistiam a TV, onde ela finalmente não estava mais só.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Transitoriedade

Nem tudo o que acaba, significa que não teve valor.
Não medimos a importância pela tempo, mas sim pela qualidade. 
Não importa se já é passado, mas sim, que já foi presente. 
E tudo tem um tempo, o de começar e o de terminar. Tudo é transitório. 

Escola de Perdedores

O brinquedo mais bonito. O eletrônico mais moderno. As melhores notas. Os melhores amigos. Marido/esposa. Diploma. Carro. Casa. Filhos. Felicidade. Perfeição.

Somos instruídos durante toda a nossa vida a adquirir. Treinados para ganhar. Ditadura da obtenção. Nos apontam tudo o que temos que conquistar. Conquistado? Parabéns, cumpriu com a obrigação!

Mas...e o perder?

Ninguém nos avisa das perdas que teremos. Ninguém nos instrui a perder. Ninguém sabe perder. Abram-se as escolas, inaugurem a Formação de Perdedores.

Porque todos nós o somos. Perdemos muita coisa ao longo da jornada. E ninguém nos parabeniza por elas.
Mas, sejamos bons perdedores. Vamos perder sei lá o que. Mas façamos bem!

Percam os dogmas, os paradigmas. Percam a si mesmo, e depois reencontre. Perder faz parte. Encontrar também.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bárbara O'Neill


Bárbara O'Neill é uma escritora de grande sucesso nacional

Bárbara O'Neill sempre foi considerada uma pessoa a frente do seu tempo. Desde jovem tinha mania de adiantar os ponteiros de seus relógios.

Bárbara teve uma infância bastante normal para uma criança de sua época. Ela brincava pelos campos, o que era bastante conturbador já que seus pais eram judeus na Alemanha de 1947. E assim Bárbara cresceu, mas não muito, porque possui apenas 1,57m.

Sua chegada ao Brasil é quase tão misteriosa quanto o surgimento de pastelarias chinesas. Mas uma fonte (time news romam), indica que sua família aportou nas terras tupiniquins num navio irlandês, onde todos os dias era St Patrick Day e as pessoas falavam com duendes. 

Em sua mocidade, Bárbara já apontava para seu talento literário quando escreveu sua primeira cartinha para o Papai Noel. Apresentava um alto grau de inteligência e ficou comprovado quando ganhou o concurso de modelo em sua escola e ficou famosa pela seguinte frase "Que saco!"

Apesar de toda a dificuldade, seus pais puderam proporcionar a Bárbara bons estudos e assim ela se formou em Jornalismo.

Casou-se pela primeira vez aos 20 anos. Se arrependeu amargamente aos 21, quando pela primeira vez seu marido lhe deus suas meias sujas do futebol para lavar. Ficou viúva aos 23 quando ele sofreu de uma morte não esclarecida enquanto comia sua aletria matinal.

Casou-se pela segunda vez aos 30 anos porque acreditou quando ele lhe disse que não roncava. Ficou viúva aos 40 anos, quando seu marido faleceu de "cirrose", tendo ele nunca bebido uma gota de álcool.  

Foi aos 33 anos que começou a escrever seu primeiro livro, "Nada me cai bem" e começou a fazer nome na carreira de escritora. Mas foi seu segundo livro, "Vamos acabar com isso?" que a levou a um reconhecimento nacional aos 40.


Casou novamente aos 45, com um escritor de renome, mas que sofria de uma doença rara, fazendo com que Bárbara tivesse que cuidar dele. Ficou viúva aos 50, quando seu marido engasgou com uma espinha de peixe.


Escreveu o seu best-seller "A Impaciência do Viver", de grande sucesso nacional, chegando a originar a expressão "onelismo" ao se tratar de coisas impertinentes.

Com tamanho sucesso, foi convidada para ser uma imortal na Academia Brasileira de Letras, quando respondeu da seguinte forma "Nem morta".


Após 15 anos de sucesso de "A Impaciência do Viver", Bárbara teve sua carreira em declínio.

Vive hoje sozinha com 7 gatos.


E está até hoje escrevendo seu próximo livro. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

Diploma: O valor do carisma

Quanto vale o respeito? Quanto vale a sua moral? 

Algumas pessoas possuem um carisma natural, o que leva as outras ao seu redor a a olharem com alegria e respeito sem muito esforço, praticamente involuntário, gratuitamente. 

Palmas para essas pessoas. 

Mas...e quando o seu carisma se torna o valor do seu diploma? 

O diploma de escolaridade muito além de um posicionamento profissional, atua no conceito social, escolhendo quem tem carisma ou não.

Portanto, se você não tem o seu carisma natural, estude, fale que "se formou". O olhar te lançado de cima para baixo ficará nivelado. Diga que possui diploma superior, as pessoas sorrirão para você. Encontrarão assunto para conversar. Se antes você era humilde, te olharão como comedido. Se antes era chato, se tornará simpático...

O seu diploma superior te fará carismático. O diploma superior, será a tua moral. E ganhará o seu respeito aos olhos dos outros. 

Numas dessas lições que a vida nos prega, sem saber se tiraremos 10 ou 0,  descobri o valor da escolaridade. 
Mas, quem tem que aprender a lição, são essas pessoas guiadas pelas aparências, e que cegos pela vaidade, escolhem a quem respeitar por cargo, profissão e escolaridade. 

Ass.: Uma recepcionistazinha com diploma de Licenciatura Plena em História