segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vingança

Ela amou-o como nunca amara ninguém. Amava de um amor completo. Queria e não exigia. Dava e não cobrava. Esperou a vida toda por isso. Era paixão. Era tudo. Foram felizes. Até o dia em que num telefonema ele revelou que não largaria a esposa.

Ela chorou-o como nunca chorou por ninguém. Era em pedaços. Gritou. Chorou.

Inconformada, decidiu reivindicar o que o dera, ia vingar-se. Procurar a esposa. Sabia o endereço da casa, do trabalho, e até da mãe. Fazer escândalo no trabalho. Não, escândalo não. Ia quebrar o carro. Contratar marginais. Não, não conhecia marginais. Contaria tudo para a esposa. Mas aí ela vai querer o divórcio. E ele, pela culpa e remorso, vai querer o casamento. Ele vai se humilhar. Eles irão conversar. E logo estão em lua de mel. Não...a sombra da traição encoberta destrói mais do que qualquer verdade.

E decidiu deixar os dois juntos, entregues ao fardo matrimonial que os enlaçava, e também os enterrava. Imaginou os jantares mudos. a tv ligada para suportar a presença do outro. Ela, encontraria um novo amor. Ele, amargaria o cotidiano conjugal.

Sua vingança: deixar que a vida se encarregue dos próprios reveses.

Paris

Paris é sonho falido.
A vida que acaba,
como quem leva um tiro.

Paris é sonho enterrado,
Como alguém que deixa
sem ter começado.

Paris é sonho esquecido,
Como quem acorda
num dia de domingo.

Paris é sonho detido,
Como quem vive
num país fodido.